V – GEOQUÍMICA ISOTÓPICA E A IDADE DOS METEORITOS
A geoquímica isotópica é uma importante ferramenta da petrologia moderna, sendo
freqüentemente utilizada para datar rochas e eventos relacionados à evolução da Terra. A
geocronologia, ou datação radiométrica considera o fato de que todas as rochas contêm
traços de elementos radioativos de ocorrência natural. Isto se aplica também aos meteoritos
e elementos pares tais como Re-Os, Sm-Nd, K–Ar, Rb–Sr, U–Pb e Lu–Hf têm sido utilizados
com sucesso para datar tanto amostras terrestres como extraterrestres. Neste sentido,
avanços crescentes tem ocorrido no campo da geoquímica de elementos altamente
siderófilos (Pt, Pd, Ir, Os, Ru, Rh, Au, Re) e isto inclui os pares

Re-

Os e

Pt-

Os,
especificamente aplicados nas pesquisas relacionadas com a história da Terra Primitiva,
Meteoritos e da Lua. De forma geral, através da geocronologia de isótopos radioativos é
possível determinar a idade dos meteoritos para três eventos distintos:
(i) Idade de Formação ou Cristalização: seria o tempo de fragmentação da
massa original ou o tempo de segregação ou cristalização, e está relacionada,
portanto com a idade de formação dos meteoritos.
(ii) Idade de Exposição do Meteoróide: relacionada ao tempo de permanência no
espaço sideral até colidir com a Terra.
(iii) Idade Terrestre do Meteorito: tempo decorrido desde a sua queda na
superfície terrestre.
V.1 IDADE DE FORMAÇÃO VERSUS CRISTALIZAÇÃO
A idade de cristalização da maioria dos meteoritos supera a idade das rochas terrestres
mais antigas. Por exemplo, um meteorito acondrito que caiu em Angra dos Reis, Rio de
Janeiro, em 1869, teve sua idade de formação calculada em 4,56 Ga pelo método U-Pb
(Amelin, 2008), superando o gnaisse de Acasta - Canadá (4,2 Ga), considerada a rocha
terrestre mais antiga já reconhecida, em 0,36 Ga (Iizuka e al., 2006). Similarmente, os
cristais de zircão herdados encontrados no Yilgarn Craton - Austrália (4,40 Ga), são 0,16 Ga
mais novos (Wilde e al., 2001). Essa antiguidade torna os meteoritos fontes exclusivas de
informações sobre os processos de acresção da poeira interestelar que originou o sistema
solar.
De igual forma, meteoritos são fontes de informação sobre como e quando ocorreu a
diferenciação dos astros parentais e respectivos processos de partição dos elementos,
principalmente os calcófilos, siderófilos e litófilos.
Os sistemas

Pd-

Ag,

Mn-

Cr,

Re-

Os e

Pt-

Os, onde ambos os elementos
são siderófilos, têm sido os mais utilizados para calcular a idade de cristalização do núcleo de
planetóides, de onde possivelmente se originaram os meteoritos férreos, como o Bendegó.
Por sua vez, o sistema

Hf-

W, no qual um dos elementos é litófilo (Hf), e portanto
permanece na porção silicática do magma após a segregação da parte metálica, gera uma
particularidade no sistema, que o torna adequado para calcular a idade de formação do
núcleo, em vez de sua idade de cristalização, eventos estes que podem estar separados por
alguns milhões de anos, haja vista a lenta taxa de resfriamento do magma (Scherstén et al.
2006).
V.1.1 Idade de formação do meteorito Bendegó
Scherstén et al. (2006) calcularam pelo sistema

Hf-

W a idade de formação de 49
amostras provenientes de 30 diferentes meteoritos férreos, compreendendo os grupos IAB-IICD,
IIE, IC, IIAB, IIIAB, IIIE, IIIF, IVA e IVB. O Grupo IC foi representado por seis
amostras sendo duas (2) do meteorito Bendegó, três (3) do Arispe e uma (1) do Nocoleche,
todas fornecidas pelo Museu de História Natural de Londres. O mérito dessa pesquisa reside
na quantidade de amostras analisadas e na precisão dos números apresentados, cuja
margem de erro situa-se na faixa de 1 a 2 milhões de anos apenas, demonstrando que, em
um mesmo grupo, as idades de formação variam muito pouco, evidenciando uma provável
origem comum. Assim, as seis amostras dos três meteoritos que representam o grupo IC
têm uma variação máxima de 1,8 Ma, sendo que as duas provenientes do meteorito
Bendegó foram as mais antigas, com idades da ordem de 4,571 Ga (Tabela V.1). É
importante frisar que, de acordo com esses dados, o meteorito Bendegó apresenta a
segunda mais antiga idade de formação, dentre os 30 meteoritos analisados nessa pesquisa.
V.2 IDADE DE EXPOSIÇÃO CÓSMICA
As determinações da idade de exposição de meteoritos podem ser realizadas pela
medição da concentração de alguns isótopos estáveis formados pelo processo denominado
Spallation, resultante da ação dos raios cósmicos sobre a superfície e interior de massas que
vagam pelo espaço sideral.
Tabela V.1. Idade de formação
Hf-
W para meteoritos do grupo IC (segundo Scherstén
et al. 2006).
Tabela V.2. Dados isotópicos Re-Os para o meteorito Bendegó (em ng/g - ppb).
Com isto, os meteoritos oferecem também oportunidade única para os cientistas
estudarem os efeitos dos raios cósmicos e do vento solar sobre a estrutura dos átomos de
determinados elementos, examinando isótopos formados em resposta a colisões de
partículas de alta energia com o meteoróide, enquanto ele orbitava o Sol. Nessa linha de
estudo calcula-se a idade de exposição cósmica dos meteoritos, o que permite deduções
sobre as condições da radioatividade e do magnetismo reinantes no espaço durante suas
peregrinações.
No espaço, os meteoróides estão sob um constante bombardeio de raios cósmicos
provenientes da Via Láctea e de outras galáxias. Essas radiações são predominantemente
compostos de prótons, nêutrons e partículas alfa, e sua energia é da ordem de 100 MeV
(mega-eletron volts) a 10 GeV (Giga-eletron volts). Essa energia se traduz em velocidades
entre 43% e 99% da velocidade da luz, (Mewaldt, 1996). A interação dos raios cósmicos
com os átomos da massa do meteoróide produz nuclídeos radioativos através de dois
processos distintos (Jull, 2006):
(i) spallation: resultado da desintegração do núcleo de um átomo devido a uma colisão
com partículas dos raios cósmicos;
(ii) reações de captura de nêutrons.
Essa irradiação produz uma segunda onda de partículas, nêutrons em sua maioria, que
continuam a interagir com a massa do meteoróide produzindo mais nuclídeos radioativos.
Esses dois processos são contínuos, começando quando o meteoróide é exposto aos raios
cósmicos, logo após ter se fragmentado em razão de impactos, e só terminam quando o
meteoróide adentra a atmosfera da Terra.
A idade de exposição aos raios cósmicos (Cosmic - Ray Exposure, ou CRE) de um
meteorito corresponde portanto, a esse período e pode ser calculada medindo-se as
concentrações de determinados isótopos radioativos de meia-vidas curtas, a exemplo do

C,

Ni,

Ca,

Kr,

Cl,

Al,

Be,

Mn e

I, que resultaram dos processos desencadeados pelo
bombardeio dos raios cósmicos. As equações para determinação da CRE levam em conta
também as concentrações dos isótopos estáveis

He,

Ne,

Ar,

Kr e

Xe (Herzog, 2006).
V.2.1 Idade de exposição do meteorito Bendegó
Voshage e Feldmann (1978) calcularam a CRE de vários meteoritos férreos, inclusive
do Bendegó, usando os sistemas

K/

K e

He/

Ne, encontrando um valor da ordem de 940
± 90 Ma. No mesmo estudo, outro membro do grupo IC, o meteorito Arispe, teve sua CRE
calculada em 955 ± 90 Ma.
Lavielle et al. (1999) calcularam a CRE de 17 meteoritos, inclusive do Bendegó, usando
os sistemas

Cl/

Ar,

Al/

Ne,

Be/

Ne obtendo resultados consistentes entre os três
métodos. Comparando-se esses resultados com a CRE obtida por Voshage e Feldman (1978)
pelo sistema

K/

K, verificaram-se diferenças significativas. Lavielle e colaboradores (1999)
atribuem essa diferença a um incremento na intensidade do fluxo de raios cósmicos nos
últimos 100 Ma, o que aumentaria a produção de isótopos de meia-vida curta, mas não
afetaria significantemente a produção de isótopos de meia-vida longa, tais como os
utilizados no estudo de Voshage e Feldman (1978). Ainda segundo estes autores, a CRE do
Bendegó para os diferentes sistemas seria:

Cl/

Ar, 329±23 Ma,

Al/

Ne, 312±17 Ma,

Be/

Ne, 349±17 Ma.
A pesquisa de Lavielle et al. (1999) não é conclusiva quanto a CRE obtida para os 17
meteoritos analisados comparativamente aos números obtidos por Voshage e Feldman
(1978). Na verdade o objetivo do estudo de Lavielle foi propor um novo método de
calibragem para a taxa de produção de isótopos em massas meteoríticas metálicas sujeitas
ao bombardeio de raios cósmicos. Bendegó é o único meteorito do grupo IC presente neste
estudo, o que limita as considerações que podemos tirar destes resultados.
V.3 IDADE TERRESTRE
A medição da quantidade de isótopos que atingem nível de saturação enquanto uma
massa permanece no espaço e que começam a decair ao cessar o bombardeamento de raios
cósmicos, após a entrada da massa na atmosfera do nosso planeta, permitem a
determinação da idade terrestre de meteoritos. Os principais isótopos utilizados para
determinação dessa idade são:

Ar,

C e

Cl. O cálculo do tempo de residência de um
meteorito na Terra, em essência, segue a mesma metodologia e princípios aplicados à
obtenção da idade de exposição aos raios cósmicos, através da medição das concentrações
de isótopos produzidos por spallation ou captura de nêutrons enquanto o meteoróide vaga
pelo espaço:

C,

Ni,

Ca,

Kr,

Cl,

Al,

Be,

Mn,

I,

Ar,

Ca,

Ni e

Fe (Jull, 2005).
Além dos parâmetros usados nas equações para cálculo da CRE, tais como as taxas de
produção e de decaimento dos isótopos produzidos pela ação dos raios cósmicos, o raio, e a
massa do meteoróide, admite-se como premissa para estimativa da idade terrestre dos
meteoritos um tempo suficientemente longo de exposição aos raios cósmicos, para que a
produção de isótopos de meia-vida curta atinja o nível de saturação.
Na superfície terrestre o meteorito está protegido da ação dos raios cósmicos,
cessando assim a produção de radionuclídeos cosmogênicos, ou seja, aqueles que foram
criados até a entrada do meteoróide na atmosfera começam a decair. A idade terrestre
resulta então da diferença entre a concentração de determinados isótopos antes e depois da
queda do meteorito. Desses estudos também são derivadas informações sobre os efeitos do
clima e da geologia local em relação à preservação dessas rochas extraterrestres, e calculase
a taxa de prováveis quedas por determinada unidade de área e tempo (Jull 2005).
V.3.1 Idade terrestre do meteorito Bendegó
A idade terrestre do meteorito Bendegó foi estimada em 122 ± 27 mil anos (Lavielle et
al. 1999). Outro estudo, realizado por McCorkell et al. (1968), obteve para o meteorito Hoba
(um férreo do grupo IVB), um tempo de permanência na Terra de aproximadamente 80 mil
anos. Coincidentemente os relatos do achado de ambos os meteoritos registram a existência
de uma camada de óxido de ferro, com cerca de 30 cm de espessura, sob as respectivas
massas. Análises posteriores de fragmentos desse óxido revelaram proporções de Fe e Ni
similares às existentes nas massas principais (veja também tabela IV.4), demonstrando sua
origem intempérica e sem a concorrência de processos de lixiviação (McCorkell et al. 1968).
V.4 SISTEMÁTICA ISOTÓPICA DO RÊNIO-ÓSMIO EM METEORITOS FÉRREOS
O sistema Re-Os é potencialmente o mais propício para datação de meteoritos de
ferro, sendo eles metais de transição que integram o grupo da platina. O Rênio (Re) tem
dois isótopos naturais:

Re (62,6%) e

Re (37,4%), e comporta-se como um elemento
altamente siderófilo (HSE) e incompatível, preferindo a fase líquida. O Ósmio (Os) tem sete
isótopos naturais:

Os (0,20%),

Os (1,6%),

Os (1,5%),

Os (13,29%),

Os
(16,22%),

Os (26,38%), e

Os (40,98%), sendo um elemento calcófilo compatível,
preferindo a fase sólida em processos de cristalização do manto, sendo retido nos resíduos.
Esse comportamento tão desigual faz com que a crosta seja relativamente pobre em Os e
rica em Re, e gera diferenças significativas entre as razões Re/Os encontradas no manto e
na crosta, comparativamente às razões de outros pares de elementos radiogênicos.
Com isto, os isótopos 187Re e 187Os formam um sistema radiogênico da maior
importância na investigação dos processos geoquímicos e geocronológicos. O

Re tem uma
meia-vida de 41,6 Ga, decaindo para o

Os por emissão Beta e sob uma constante igual
1,666 x 10

y

.
A descoberta do processo de ionização, na década de 1990, denominado Negative
Thermal Ionization Mass Spectrometry (NTIMS), aumentou bastante a sensibilidade dos
equipamentos de espectrometria de massa, o que levou ao aumento na precisão das
medidas da composição dos isótopos e sua concentração. Essa técnica proporciona a
produção de íons negativamente carregados

e

invertendo a polaridade do
magneto dos espectrômetros de massa, permitindo obter resultados de alta precisão para as
razões Re-Os.
V.4.1 O sistema Re-Os
Acredita-se que meteoritos férreos são massas de Fe-Ni, segregados a partir de
silicatos condriticos durante os estágios iniciais de evolução do Sistema Solar. Os 14 distintos
grupos de férreos presumivelmente formaram-se a partir de corpos parentais distintos (Kelly
e Larimer 1977). O Bendegó pertence ao grupo IC, um dos 11 grupos de férreos ditos
“magmáticos”. De forma geral a ocorrência do Re e Os no manto e crosta terrestre é
extremamente rara: Re = 390 pg/g (ppt) e Os = 50 pg/g (ppt). Nos meteoritos férreos,
supostamente oriundos do núcleo de asteróides, a abundância desses elementos aumenta
substancialmente: as concentrações de Re ficam entre 1284 e 3249 pg/g (ppt) e as de Os
entre 15,553 e 48,367 ng/g (ppb).
A extração e purificação do Os e Re de amostras meteoríticas e terrestres exigem
técnicas especiais com a diluição das amostras em

ou

, usando ampolas de vidro
seladas (técnica de Carius e suas variações), aquecidas a 180-200ºC. A extração do Os é
feita através da adição de clorofórmio (CHCl

e posterior pipetagem da solução contendo
OsO

. O Os assim obtido é purificado com HBr e micro-destilação com CrO

. O Re é extraído
através de troca de anions em colunas de destilação com a resina AG1-X8 (100-200 mesh), e
em seguida é purificado pela passagem através de uma segunda coluna de resina. Essas
técnicas permitem extrair até 80% do Os e 70% do Re contidos nas amostras.
Os principais riscos de contaminação residem nas fases de corte e preparação das
amostras, reagentes de qualidade duvidosa e concentração residual do Re em filamentos de
Pt. A produção e calibração dos spikes exige também redobrada atenção haja vista as
diminutas quantidades de Re e Os presentes nas amostras.
O carregamento dos filamento com o Re e Os extraídos é a fase seguinte da
metodologia, levando-se em conta que filamentos de Pt possuem uma quantidade de Re alta
que pode comprometer os resultados, sendo muitos vezes substituídos por filamentos de Ni.
Assim, desde os anos 90 pesquisadores tentam aplicar a técnica ao estudo de
meteoritos férreos. Shen et al. (1996) utilizou 24 amostras de cinco grupos distintos de
meteoritos de ferro (IAB, IIAB, IIIAB, IVA e IVB) para traçar uma isócrona clássica para
estes cinco grupos, tomados conjuntamente, o que permitiu limitar a ocorrência do evento
de fracionamento a 4,61 ± 0,1 Ga. Esse estudo registra incertezas na calibração do spike da
ordem de 1,6% e de 3% no valor da constante de decaimento do

Re, resultando em uma
incerteza geral de 4% para converter a inclinação da isócrona em idade de cristalização dos
meteoritos analisados.
V.4.2 Geoquímica de siderófilos no Meteorito Bendegó
Neste trabalho analisou-se as concentrações elementais de siderófilos (Tabela V.2) e a
razão isotópica Re-Os em 7 (sete) amostras coletadas de diferentes locais da massa
principal do meteorito Bendegó (Fig. V-1). Utilizou-se um espectrômetro de massa
inductivamente acoplado a um plasma Nu multi-coletor (MC ICP-MS) e um nebulizador Cetac
AridusTM.
Os resultados obtidos foram comparados com os trabalhos já realizados em meteoritos
férreos de outros grupos (Cook et al. 2004, Shen et al. 1996), visando avaliar a duração do
processo de cristalização, fato essencial quando se deseja entender a história de
resfriamento do corpo parental do meteorito. Os valores de Os (99 a 114 ppb) encontrados
nas amostras de diferentes regiões do Bendegó permitem compará-lo aos férreos de baixo
ósmio dos subgrupos IIB e IIIB (Cook et al. 2004).
A partir destes dados foram confeccionados diagramas multi-elementares plotando os
elementos siderófilos analisados, normalizados pelo meteorito condritico Orgueil (CI), com
padrões produzidos no Laboratório de Geoquímica Isotópica de Maryland para vários outros
meteoritos férreos e palasitos. Estes padrões foram plotados (Fig. V.2 A a D) para
comparação com os resultados do Bendegó (Fig. V.2.E), que apresenta uma distribuição
única dentre os tipos férreos e palasitos já analisados.
As variações nas abundâncias dos elementos altamente siderófilos em Bendegó
(Tabela V.2, Fig. V.2E) são tão insignificantes que inviabilizam o modelamento dos processos
ígneos nesta suíte de amostras. Por outro lado, os dados nos dizem que, ao menos para este
grupo de elementos analisados, a cristalização e o fracionamento da massa parental do
Bendegó não gerou variações, ainda que modestas. Por outro lado, o trend Ni-Ir (Fig. IV.10
F) expõe a limitada variação dos teores de Ni nos meteoritos IC, o que é sugestivo de um
fracionamento cristal-líquido dominado por processos de cristalização fracionada.
Figura V.1. Visões esquemáticas das diferentes faces do Meteorito Bendegó (após Derby
1896), localizando os pontos onde foram coletadas as amostras para o estudo Re-Os, numerados
conforme na tabela V.2. (A) Visão do face frontal exposta ao observador que adentra o
Museu Nacional, (B) Face de fundo, (C) Face inferior.
Figura V.2. Diagramas multielementares para elementos do grupo dos siderofilos em meteoritos.
(A) Grupo IIAB. (B) Grupo IVA. (C) Grupo IVB. (D) Grupo principal dos palasitos.
(E) Meteorito Bendego (7 amostras).
As variações na razão Re/Os, e consequentemente em

Os/

Os são muito
pequenas. As amostras do Bendegó distribuem-se ao longo da isócrona típica dos meteoritos
férreos. Todavia, devido a limitada variação na composição isotópica, é impossível
estabelecer uma isócrona significativa apenas com base nas amostras deste meteorito. Vale
ressaltar que o Bendegó pertence a um grupo raro, o IC, e não existem relatos na literatura
de análises isotópicas Re-Os para meteoritos deste grupo. A dificuldade para se obter
amostras de outros membros do grupo IC e a ausência de dados isotópicos publicados
referentes às suas concentrações de Re-Os inviabilizaram a construção de uma isócrona que
permitisse calcular a idade de formação do Bendegó através do método Re/Os e limitaram as
conclusões. Espera-se poder dar continuidade a este estudo, gerando dados adicionais para
outros férreos do grupo IC, de forma que possamos avaliar como esta distribuição dos
elementos altamente siderófilos foi gerada, e se ela poderia, ou não, ser resultado de um
precursor condrítico (Walker, R., comunicação pessoal).